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livrosquesãoamigos

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26 Out, 2020

Só dois

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Mais leituras em português.

 

   -   O meu irmão   -   Afonso Reis Cabral

Um livro que acorda muitos sentimentos. Um livro forte, cru, e que me deixou zangada muitas vezes. Um livro que fala de fraternidade e ao mesmo tempo de desapego. Um livro que me surpreendeu por alguma crueldade, que não seria de esperar pela idade do autor, o que poderá dizer muito sobre as suas capacidades de escrita.                                                                                     O texto que vou deixar faz parte da paisagem onde a narrativa vai acontecendo.

O Paiva revela-se depois da última curva, e ao cimo, como uma coroa na cabeça do monte, a aldeia do Tojal. Em suma, uma rua com casas de lado e de permeio. Ainda é possível ver o sulco das carroças na pedra do chão. Musgo cobre a base das portas por onde já ninguém entra. Uma ou duas tábuas atiradas para um canto. Alguns gatos vivem nas ruínas. Mais nada.

 

   -   A mulher-casa   -    Tânia Ganho

Mais uma surpresa na nossa literatura, e uma surpresa agradável.                   As inquietudes de uma mulher que precisa mais do que um tecto, do que um marido, do que um filho sem o qual não conseguiria viver, e um trabalho que a retém dentro de casa. A fome de ditar o que a faz feliz, faz com que se questione e se envolva com o que a faz sonhar, o que a faz sentir viva. Algo comum em tantas mulheres ao longo do tempo, e que tanto trabalho e empenho deu ao género feminino para ser alcançado.                                                       É assim que começa.

Foi só depois de se mudarem para Paris que Mara começou a coleccionar momentos felizes - um botão de osso ou madrepérola por cada momento feliz, como este. Encontram-se diante da entrada principal da Escola Militar e, em silêncio, contemplam o colossal portão de ferro fundido. Atrás deles, estende-se o Campo de Marte, com os seus turistas, ciganos, joggers, amas negras, crianças ricas e mendigos movendo-se em linhas constantes e regulares, que se cruzam entre si, aos pés da Torre Eiffel, formando-se uma invisível teia de aranha.

 

Vou só referenciar ou aconselhar que leiam  este texto deste nosso vizinho.

 

 

01 Out, 2020

Quino e Mafalda

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Estes livros têm as lombadas remendadas. Tínhamos o branco, e o uso era tal, que quando apareceu o vermelho, comprei-o com medo que o outro se desfissese.

Enfim, passaram a ser os dois manuseados até chegarem a este estado.

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O meu filho era pequeno, não sei a idade, mas de escola primária, e quando deixava de o ver sabia onde estava, porque o ouvia a rir sozinho. Estava sentado no chão, atrás de um sofá com o livro da Mafalda na mão.

Perguntava-lhe o que é que ele percebia daquilo, e ele respondia-me que algumas coisas não entendia, mas outras sim. Chegou-me a perguntar o que algumas tiras queriam dizer. 

Costumam dizer que atrás de um grande homem, está uma grande mulher. Neste caso, atrás de uma grande personagem, está um grande homem.

Mais uma falta no mundo literário e não só.