Os primeiros do ano.
Extravagâncias - Rosie Thomas
Já falei desta escritora que é considerada "Uma das melhores contadoras de histórias"
Neste livro, deambulamos por Oxford na companhia de três jovens mulheres, cada uma com o seu motivo para voltar aos estudos. Seja para fugir à monotonia da sua vida, para melhorá-la e assim ajudar a família, ou para ocupar tempo e sonhos por não ter mais nada a fazer. Entrelaçamo-nos e enredamo-nos nos seus problemas, mas principalmente, sentimo-nos a pisar aquelas pedras ancestrais, cheias de folhas amarelas e douradas, e o odor do ar humedecido pelo cheiro do rio e as névoas, que o sol do outono jamais teria força suficiente para desfazer.
Ia vê-la em breve. O comboio oscilou ao descrever uma curva ampla e depois trepidou ruidosamente sobre as arcadas de ferro de um pequeno viaduto. Helen encostou o rosto ao vidro manchado da janela, a aguardar. Então ela surgiu, de súbito, à sua frente. O Sol oblíquo da tarde outonal transformava os pináculos e as agulhas das torres em ouro, e cintilava nas cúpulas arredondadas. Tal como o fazia há quase quatrocentos anos, a luz conferia à pedra um tom suave e quente como o mel.
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... Helen atravessou o quarto e encostou a cabeça à janela. Como sempre acontecia, a vista fascinou-a. Magdalen, All Souls, St. Mary, Tom Tower, dizia ela, contando as torres e os pináculos, à medida que o seu olhar viajava por eles. A Oxford tranquila e impenetrável, sob o sol do fim da tarde. O dia seguinte ia ser o último do período final. Depois dele, deixaria de pertencer a Oxford. A que iria ela pertencer?
La emoción de las cosas - Ángeles Mastretta
Duas coisas me fizeram comprar este livro, ser em espanhol e o instinto que me dizia para o comprar.
Aqui lemos e sentimos pedaços de vida, lembranças e emoções que os anos nos vão oferecendo, e que esta escritora tão bem nos descreve, quando faz perguntas ou nos dá respostas que rapidamente nos põe à frente da nossa própria vida. São gotas de perfume que vão deixando o seu aroma no caminho, são lágrimas roubadas àquele momento que queremos esquecer, são os risos e as gargalhadas que nos fazem sentir vivos, e é o amor que acompanha o passar dos dias e das memórias.
Desarmei uma moldura para tirar a fotografia em que estou com o meu pai, sendo muito pequena. Debaixo da fotografia havia um papel que diz: "Só o que morreu é nosso. Só é nosso o que perdemos" Não inventei semelhante beleza, mas não sei de quem será, não pus o nome. Comove-me a que eu fui quando a copiei. Já não acredito nisso. Já não acredito que seja nosso o que perdemos. Simplesmente, perdemos, tudo o mais, são palavras. Parece consolador, amaina o mau estar, mas não consola.