Vallejo e Lobato de Faria
Li "El infinito en un junco" de Irene Vallejo, alternando com "Os linho da avó" de Rosa Lobato de Faria.
Sendo o 1° um livro interessante, torna-se repetitivo. Ao ser um ensaio, são muitas páginas da história da escrita e dos livros, que torna difícil a sua leitura seguida. Nos intervalos li os contos da Rosinha. Os dois livros são muito bons, em estilos diferentes, como é evidente.
Assim fala Irene Vallejo de uma professora que ficou na sua memória, por ter feito a diferença na sua vida.
Vestia uma convencional bata branca. Ao falar, as suas grandes mãos de pianista agitavam o ar com nervosismo. Às vezes gaguejava ao explicar a lição, como se de repente as palavras fugissem em debandada da sua cabeça. Ouvia com uma atenção intensa, fazia mais perguntas do que afirmações e parecia sentir-se especialmente cómoda no amparo do sinal de interrogação.
Quanto ao livro de Rosa Lobato de Faria, são contos doces, outros amargos, mas todos escritos com a mestria de uma poetisa.
Ninguém viola os meus segredos. Com uma chavinha de prata, de que pende um bonito cordão vermelho com franja de seda na ponta, fecham os meus esconderijos. Quem o faz é a mulher bonita que escreve cartas e guarda outras nos meus escaninhos, como antes fazíam a mãe dela e, antes da mãe, a avó.