ilustração de Emilia Szewczyk

- Então, e qual é a sua profissão?

- Eu sou devoradora de livros.

- Devoradora de livros?

- Sim, começo numa página e só acabo na última. Não deixo nenhum livro a meio.

- E que conselho daria a quem quer enveredar por essa profissão?

- Bem, se não gostarmos de ler, não vale a pena. Depois, temos de ter o gosto apurado. Com o tempo, tornamo-nos mais exigentes e já não engolimos tudo o que nos impingem. Deixamos de avaliar o livro pela capa e começamos a perceber quais são aqueles que têm sumo e que alimentam a alma.

- Muito bem. E nunca se cansa?

- Não. Estou sempre a traçar. É claro que há sempre frases ou excertos mais difíceis de digerir, às vezes é preciso estômago para certas coisas, mas nada se compara ao sabor dos livros. São deliciosos. Os de aventuras são sempre crocantes e os de mistério vêm sempre recheados de surpresas. Só de pensar, fico logo com água na boca. 😋

Autor desconhecido.

- Dispara, eu já estou morto.
- Julia Navarro

Uma pequena ajuda para entender um dos problemas que assola este planeta. Os dois lados da história, duas famílias que vão contando a luta pela sobrevivência, desde os seus antepassados até aos seus dias, nos anos 50. Palestinos e judeus e as incongruências de um convívio que nunca foi fácil, e que não sabemos, infelizmente, quando terá uma solução.

- Nós...vocês... Porque é que falamos assim Mohamed? Quem são vocês? Quem somos nós? Por acaso não somos os mesmos que sempre fomos? Em que é que isso nos diferencia?                                                                                          - Nós somos árabes, vocês são judeus, outros são cristãos...                             - E então? a quem é que importa o Deus a que reza cada um? E o que acontece com aqueles, como eu, que não rezam? - Samuel olhava para os olhos de Mohamed.                                                                                                     - Eu ouço-te falar e penso como tu, mas depois, quando vou lá fora, vejo que as coisas são diferentes, que nós, homens, somos diferentes.