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livrosquesãoamigos

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28 Out, 2024

Descontroladamente

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Descontroladamente, lá me perdi com os livros, depois de me ter portado bem durante algum tempo.

Mas juro que tentei! Ao fim de semana vou visitar o meu alfarrabista,  mas normalmente não encontro algo que me tente muito. Esta semana encontrei alguns que me fizeram cócegas, que me piscaram o olho, que me pediram para vir para casa comigo, e não consegui resistir.

Tenho as estantes cheias, já estou a fazer separação de livros que não me importo de largar (o que nunca pensei vir a fazer), para ter espaço para outros que me dizem mais. Não tenho tempo de vida para ler todos os que tenho em espera, mas mesmo assim continuo a querer mais, e nem me meto com os novos, os que acabam de sair das gráficas. 

Creio ser um problema geral dos livrólicos. Haverá algum xarope que trate esta dependência?

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O carteiro de Auschwitz - José Rosenblum

Há muitos anos que sou apaixonada pela época da 2° Guerra Mundial. Já li muito sobre o tema. Este livro é doloroso pelo testemunho e pela homenagem que presta a tantas, tantas pessoas que passaram os horrores que quase todos sabemos, e que aqui estão relatados.
Por essa parte estamos conversados, mas fica a parte do estilo do relato. Quando se publica um livro, tem de haver o cuidado da escrita, aqui parece-me que o narrador perde -se um pouco na descrição, e apesar de co-autoria de David Kohne falta-lhe a ajuda de alguém que percebendo do assunto alinhavasse o texto.
De qualquer maneira, é válido pelo sentimento e vivência que sentimos da parte de Joe Rosenblum.

Sinto culpa por ter sobrevivido? Sim, empaticamente, sim. Vive comigo todos os dias, como um homem pequeno e malvado a sussurar-me na mente. As pessoas que vi morrer eram tão boas quanto eu; talvez melhores. Tentavam à sua maneira sobreviver, e eu tentava à minha. Basicamente, tive sorte, ingenuidade e cérebro, e a coragem para ultrapassar. Não sou nem melhor nem pior do que a maioria dos que desapareceram. Mas estou aqui, e eles não.