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livrosquesãoamigos

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Doris Lessing nasceu em 1919 no Irão. Ganhou o Prémio Nobel da Literatura 2007.

É uma escritora que me desperta vários sentimentos e que não consigo catalogar.

Lembro-me de estar a ver TV e aparecer no ecrã uma senhora, tipo avó, com os cabelos brancos apanhados num carrapito e roupas compridas, com o ar de que vivia no campo a tratar dos animais. Estava a chegar a casa, em Londres, com os sacos das compras e o repórter que a esperava com o microfone em riste, pergunta-lhe o que tem a dizer depois de ter sido anunciado o prémio. Doris, impávida e serena, incomodada pelas camaras, não achou muita graça, e desvalorizou o assunto.

O último livro que li "O sonho mais doce", sendo uma mesma história, podemos dividi-lo em duas partes.

Na primeira, no amanhecer dos anos 60, numa casa no norte de Londres são recebidos todos os que precisam dum tecto, de um mimo. Numa altura em que a política estava ao rubro (não que não esteja sempre) em que o comunismo era o sonho de muitos com tudo o que isso implica, nessa casa debatia-se ideias, opiniões e o futuro de cada um.

A cozinha encheu-se de jovens já com ressaca e precisando de beber mais, e  quando todos se sentaram à volta da grande mesa com o enorme peru à frente, pronto para ser trinchado, o grupo já mergulhara naquele estado de euforia que pronuncia a iminência do sono.

Na segunda parte, uma das personagens dessa casa, vai para Zímlia, para o meio da grande pobreza em que África se encontrava depois de os nativos terem descartado os brancos, e onde a corrupção fazia com que as condições mais básicas fossem descuradas.

...Não se faziam muitas lavagens e a roupa, essa, não era lavada. Já era muito o esforço que as mulheres tinham de fazer para conseguirem água suficiente para beber e cozinhar. O cheiro da multidão era forte. Sylvia associava agora esse cheiro a paciência, a resignação e a cólera contida. 

 

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