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livrosquesãoamigos

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Rosa Montero nasceu em Madrid em 1951, estudou Jornalismo e Psicologia. Em 1980 obtém o Prémio Nacional de Jornalismo e em 2005 o Prémio Rodriguez Santamaria de Jornalismo.

Já aqui tinha falado da "Louca da casa", que me surpreendeu e que adorei, o que fez que voltasse depressa aos seus livros. Não sendo o normal nos meus hábitos, li dois deles seguidos um dos quais já tinha lido há uns anos, mas não tendo muita memória dele, repeti-o e foi como se o lesse a 1º vez. Uma escritora que fica nas minhas preferências.

 

  -  "Instruções para salvar o mundo" 

Num cenário de subúrbio, algumas personagens, um taxista viúvo, um médico desiludido, uma cientista anciã e uma belíssima prostituta africana cruzam os seus caminhos para nos mostrarem numa visita guiada o mundo vertiginoso e convulso que cada um encerra dentro de si.

A Humanidade divide-se entre aqueles que gostam de se meter na cama à noite e aqueles a quem ir dormir desassossega. Os primeiros consideram que os seus leitos são ninhos protectores, enquanto os segundos sentem que a nudez do dormitar é um perigo. Para uns, o momento de se deitar implica a suspensão das preocupações; aos outros, pelo contrário, as trevas provocam um alvoroço de pensamentos daninhos e, se fosse por eles, dormiriam de dia, como os vampiros. Sentiste alguma vez o terror das noites, a angústia dos pesadelos, a escuridão a sussurrar-te na nuca com o seu hálito frio que, embora não saibas o tempo que te resta, não passas de um condenado à morte? E, no entanto, na manhã seguinte a vida volta a explodir com a sua alegre mentira de eternidade. Esta é a longa história de uma longa noite. Tão longa que se prolongou durante vários meses. Embora tudo tenha começado num entardecer de Novembro.

 

  -  "A ridícula ideia de não voltar a ver-te"

Este livro foi inspirado no diário que Marie Curie começou a escrever depois da morte do marido, quando a própria autora passava pela morte do seu marido. Aqui estão as vivências, as superações, e no fundo uma análise de duas épocas distintas e tão iguais quando se trata de sofrimento e continuação de vida. 

A Morte brinca connosco ao macaquinho do chinês, jogo em que uma criança conta «um, dois três...» de cara virada para a parede e os outros tentam tocar no muro sem que a criança os veja enquanto se movem. Pois então, com a Morte é a mesma coisa. Entramos, saímos, amamos, odiamos, trabalhamos, dormimos, ou seja, passamos a vida a contar como a criança do jogo, entretidos ou atordoados, sem pensar que a nossa existência tem um fim. Mas de quando em quando lembramo-nos de que somos mortais e então olhamos para trás, sobressaltados; e lá está a Parca, a sorrir, quietinha, muito mesureira, como se não se tivesse movido, mas mais perto, um bocadinho mais perto de nós. E assim, cada vez que nos distraímos e nos ocupamos com outras coisas, a Morte aproveita para dar um salto e para se aproximar.

 

"Já que nos dias de hoje nada é fiável, e já que os deuses e as ideologias há muito que estão enterrados, ao menos sê boa pessoa, caramba!"

                                                                                             Rosa Montero