Os dez espelhos de Benjamin Zarco
Mais um livro maravilhoso deste autor.
Que bem que soube embrenhar-me nesta história, que fala dos descendentes de Berequias Zarco, sobreviventes do Holocausto e da vida depois dele.
Richard Zimler faz um trabalho admirável na investigação que o leva à escrita dos seus livros. São sempre uma aposta ganha.
Este é o meu sexto livro dele e vou sempre com entusiasmo para o próximo, onde encontro, muitas vezes, referências aos mesmos personagens e seus descendentes, onde continuamos a história do mundo, dos sefarditas, da história judaica na península ibérica.
E assim começa;
Depois da morte da minha mãe, o meu pai parava às vezes no meio da rua, encolhia a cabeça entre os ombros e dava meia-volta, num movimento lento e desconfiado, procurando com os olhos um perigo iminente. O pai tinha setenta e seis anos na altura - e era pequeno, magro e frágil. A minha mulher insistia que ainda conseguia discernir um agilidade otimista na sua maneira de andar, e o meu filho George, de nove anos, numa tentativa igualmente forçada de me reconfortar, dizia que o avô parecia um daqueles velhotes fantásticos que todos os anos competiam na Maratona de Boston.