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livrosquesãoamigos

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23 Jan, 2023

Os primeiros do ano

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Assim comecei o ano, com 3 livros tão diferentes uns dos outros. Como nós, diferentes, mas igualmente válidos.

O Décimo Círculo  -  Jodi Picoult

Quando os nossos sofrem, nós também sofremos. Quando fazem mal à nossa filha, a nossa vida fica num fio de sanidade. A verdade e a mentira misturam-se e baralham vidas, sentimentos e crenças.

Tinha estado tão concentrada naquilo de que queria fugir neste mundo que se esquecera de ter em conta o que poderia estar a perder. Quando morremos, não podemos apanhar flocos de neve com a língua. Não podemos inspirar o Inverno, a plenos pulmões. Não podemos estar deitados na cama a observar as luzes do limpa-neves da câmara a passar. Não podemos chupar um pedaço de gelo até nos doer a testa.

Joel Dicker  -  O enigma do quarto 622

Um triller ou policial com suspense quanto baste, com voltas repentinas que nos agarram numa aventura vertiginosa até às últimas páginas. Este autor já nos habituou a este género de literatura, não nos trará grandes novidades, mas trará sempre umas boas horas de entretenimento.

Fui passear pelos caminhos do parque. Ao terminar este livro, sabia que uma parte de mim se despedia do Bernard. Teria gostado que ele estivesse comigo, neste parque, e que pudéssemos caminhar lado a lado uma última vez. Por entre o canto dos pássaros, pareceu-me de repente ouvir-lhe a voz, respondendo à pergunta que eu me fazia desde a sua partida. Para onde vão os mortos? Vão para onde nos possamos lembrar deles. Sobretudo para as estrelas. Porque elas seguem-nos para todos os lados, dançam e brilham na noite, mesmo por cima das nossas cabeças.

O calor das coisas e outros contos  -  Nelida Piñon

Quando esta autora faleceu este ano que acabou há meia dúzia de dias, lembrei-me que havia algures um livro dela nas minhas prateleiras. Claro que peguei nele para tentar perceber que escrita era a dela, e tenho-o lido nos intervalos dos outros. Não poderei tirar grandes conclusões porque li muito pouco ainda, mas parece-me que apesar de ser uma escrita doce, também é dorida, muito dorida. Por outro lado, muito extensa. Há muitas palavras para exprimir algo que poderia ser dito com muito menos. Creio que será, talvez, o prazer de as utilizar, de estender o mais possível o gosto da expressão, dos significados dados a cada letra. Espero ter opinião mais assertiva quando ler mais.

Comecei a ambicionar que maravilha não seria viver apenas no passado, antes que este tempo pretérito nos tenha sido ditado pelo homem que dizemos amar. Ele aplaudiu o meu projeto. Dentro de casa, no forno que era o lar, seria fácil alimentar o passado com ervas e mingau de aveia, para que ele, tranquilo, gerisse o futuro. Decididamente, não podia ele preocupar-se com a matriz do meu ventre, que devia pertencer-lhe de modo a não precisar de cheirar o meu sexo para descobrir quem mais, além dele, ali estivera, batera-lhe à porta, arranhara suas paredes com inscrições e datas.

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